Neste domingo, 23, O Projeto Um Computador por Aluno (UCA) no Ceará, exemplificado pela Escola Monteiro Lobato, foi destaque na matéria de capa do jornal O Povo. Leia parte da matéria a seguir:
O desenho do futuro
Um laptop por aluno nas escolas públicas, tablets e lousa digital nos colégios particulares. A tecnologia já é - ou será em um futuro muito próximo - companhia nos estudos. Mas ainda precisa andar de mãos dadas com a educação e acertar o passo com a qualidade do aprendizado
444 alunos da Escola Monteiro Lobato foram contemplados com a inclusão digital por meio Projeto UCA. Foto: Sara Maia. |
O futuro está nas mãozinhas curiosas de Maria Manoela Gomes de Souza Silva, 6, aluna da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental (EMEIF) Monteiro Lobato. “Eu tava mexendo na ‘prova do coelho’. Se a gente acertar, ganha uma cenoura, duas ou dez. Aí, o computador diz: ‘Parabéns!’”, conta sobre a aula daquela tarde.
A aula de matemática virou uma feliz exclamação a partir de maio de 2010, quando a Monteiro Lobato, ex-anexo da Emeif Rachel de Queiroz e esperança em uma rua estreita do bairro José Walter, ligou-se ao projeto Um Computador por Aluno (UCA), do Governo Federal. Do outro lado da cidade, o Colégio Christus implanta lousas digitais que prometem uma reviravolta 3D nos conteúdos didáticos, enquanto o Ari de Sá anuncia a substituição do papel por tablets. A tecnologia já é companhia nos estudos. Na sala de aula ou de casa.
“A proposta é de o computador ser do aluno, personalizado. E eles puderem levar para casa. Quando saírem da escola, devolvem, como se fosse o livro didático”, aponta a diretora da Emeif Monteiro Lobato, Carolina Oliveira Muniz, 45, o passo seguinte do UCA. Já os tablets devem conter, a partir de 2013, hiperlinks que levem o conteúdo didático e o professor (por meio de plantões online) onde o aluno estiver – projeta o gestor de tecnologia do Ari de Sá: “Passa a ser um material onde eu possa fazer, de fato, uso da plataforma”. Antes, em 2012, explica Andrey Lima, “não temos muita mudança significativa, só a mudança de mídia: sai do papel e vai para o ebook”.
Cautela e conhecimento
Ainda que a tecnologia adiante o mundo, as escolas devem ter cautela na velocidade de consumo das novas plataformas. A mudança é muito maior – e menos visível – do que a troca de pincel por projetor, da matéria ditada por descobertas na Internet, de livros por tablets. “Com a tecnologia, está havendo uma aceleração da forma de como o conhecimento vai ser construído. O professor tem que entender que não mais será o dono do conhecimento”, reconhece David Rocha, diretor do Christus. “Ele vai facilitar a construção de novos conhecimentos, pelos alunos, em sala de aula”, completa.
A geração de alunos na faixa etária dos 10, 12 anos, desembarca na sala de aula com uma bagagem de mundo (virtual) considerável, destaca o gestor de Tecnologia do Ari de Sá. Pai de uma criança de 3 anos que mexe no tablet de casa “com uma desenvoltura absurda”, entendendo cores e sons por si própria, Andrey Lima observa que “essa geração tem uma velocidade completamente diferente de interpretar, de perceber, de interagir”.
E é nesse ponto que a tecnologia pode, de fato, andar de mãos dadas com a educação e acertar o passo com a qualidade do aprendizado. A grande mudança – ainda pouco percebida - é a troca de ensinamentos entre aluno e professor. “A importância do professor, hoje, é de se envolver com essa mudança. E isso é que é o difícil para o professor: ele não é mais o centro do conhecimento, só está intermediando o conhecimento”, considera Carolina Muniz, diretora da Emeif Monteiro Lobato.
Mais do que a tecnologia ainda possa inventar como ferramenta ou encanto, este é o real futuro da educação, que Carolina ouvia desde quando se formava professora e que agora pode se fazer mais presente. “Ensino de qualidade é essa troca de conhecimento, onde o professor é mediador. Sou formada há 25 anos e essa era uma fala que era muito distante. Hoje, a gente pode ver... Essa postura do professor, de trocar o conhecimento com um menino de 9 anos (como os que crescem monitores do UCA) é que tem mudado. A valorização do conhecimento do outro”.
Ana Mary C. Cavalcante
anamary@opovo.com.br
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O Povo 23-10-2011 pag 19
Fonte: Jornal O Povo Online
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